sexta-feira, 23 de agosto de 2019

Pé de Junípero https://todocontodefadastemmata.blogspot.com/2018/04/pe-de-junipero.html
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segunda-feira, 28 de maio de 2018

Pele de Asno


Havia muito tempo um rei que era tão amado pelos seus súditos que ele pensava que era o monarca mais feliz de todo o mundo, e ele tinha tudo que seu coração poderia desejar. Seu palácio era cheio das mais raras curiosidades, e seus jardins com as flores mais doces, enquanto nas baias de mármore dos estábulos ficavam em fileira vacas brancas leiteiras, com seus grandes olhos marrons.
Estranhos que já tinham ouvido das maravilhas que o rei tinha colecionado faziam longas jornadas para vê-las, eram, no entanto, surpreendidos por achar a mais esplêndida baia de todas ocupada por um asno, que particularmente tinha enormes orelhas caídas. Era um asno muito fino; mas ainda, como eles poderiam contar, não havia nada tão marcante para que ele fosse confinado assim, e eles iam embora se perguntando a razão disso, porque eles não sabiam que toda noite, quando ele dormia, no lugar de esterco, o asno colocava escudos de ouro, que eram recolhidos todas as manhãs pelos tratadores.
Depois de muitos anos de prosperidade um súbito vento caiu sobre o rei na morte de sua esposa, quem ele amava apaixonadamente. Mas antes que ela morresse, a rainha, que tinha sempre pensado na felicidade dele em primeiro lugar, juntou todas as suas forças e disse ao rei:
“Prometa-me uma coisa, você deverá se casar de novo, eu sei, para o bem do seu próprio povo, como de si mesmo, mas, não se apresse, espere até que encontre uma mulher mais bonita e melhor formada que eu.”
“Oh, não me fale de casar,” disse o rei com a garganta segurando o choro, “eu prefiro morrer com você”. Mas a rainha somente sorriu e perdeu os sentidos e, virando-se em seu travesseiro, morreu.
Durante alguns meses, a tristeza do rei era grande, então, gradualmente, ele começou a esquecer um pouco, e, além disso, seus conselheiros estavam sempre dizendo a ele para procurar outra esposa. De primeiro, ele se recusava a escutá-los, mas, pouco a pouco ele se permitiu ser persuadido em pensar nisso, somente estipulando que a noiva deveria ser mais linda e mais atraente que a última rainha, de acordo com a promessa que ele havia feito a ela.
Se regozijando de ter obtido o que eles queriam, os conselheiros enviaram mensageiros para longe e por todos os lugares para obter retratos das mais famosas belezas de todo o país. Os artistas ficavam muito ocupados e faziam seu melhor, mas ninguém mesmo poderia pretender que qualquer uma daquelas damas se comparasse por um momento com a última rainha.
Por fim, um dia, quando ele tinha voltado desencorajado de uma coleção de retratos, o olho do rei pousou sobre sua filha, e ele viu que, se uma mulher existia na terra mais adorável que a rainha, era ela! Ele fez logo que seus desejos fossem conhecidos, mas a jovem princesa não tinha nem o mais fraco desejo de se casar com ele, foi preenchida com o desânimo e implorou a ele tempo para pensar. Naquela noite, quando todos estavam dormindo, ela partiu numa pequena carruagem levada por uma grande ovelha, e foi consultar sua fada madrinha.
“Eu sei o que veio me contar,” disse a fada, quando a princesa desceu da carruagem, “e se você não deseja se casar com ele, eu vou lhe mostrar como evitar isso. Peça a ele para dar a você um vestido que seja exatamente da cor do céu. Será impossível para ele. Será impossível para ele conseguir um, e então você estará segura”. A princesa agradeceu a sua fada madrinha e voltou para casa.
Na manhã seguinte, quando o seu pai procurou vê-la, ela disse a ele que não poderia dar nenhuma resposta até que ele a tivesse presenteado com o vestido da cor do céu. O rei, alegre pela resposta, chamou todos os costureiros e modistas do reino, e ordenou a eles que fizessem um vestido do céu, sem demora, ou ele iria cortar suas cabeças de uma só vez. Apavorados com a ameaça, eles todos começaram a bordar, e cortar e costurar, e em dois dias eles trouxeram o vestido diante do rei, que parecia que havia sido recortado diretamente dos céus! A pobre garota ficou atônita, e não sabia o que fazer, então na noite ela amarrou sua ovelha de novo e foi à procura de sua fada madrinha.
“O rei é mais arguto do que eu pensava”, disse a fada, “mas diga a ele que você quer um vestido da cor da lua”. E, no dia seguinte, quando o rei a chamou a sua presença, a garota disse a ele o que queria. “Madame, eu não posso recusar nada a você,” ele disse, e ele ordenou que o vestido tinha que ficar pronto em vinte e quatro horas, ou todo homem seria enforcado.

Os costureiros começaram a trabalhar com toda a sua força e, por essa hora, no dia seguinte o vestido da cor da lua foi deixado na cama dela. A princesa, embora não conseguisse parar de admirar aquela beleza, começou a chorar, até que a fada, que a ouviu, veio ajudá-la.
“Bem, eu não poderia ter esperado isso dele!” disse ela, “mas peça um vestido da cor do sol, e eu ficarei surpresa, se de fato, ele conseguir se sair dessa.”
A afilhada não teve muita confiança na fada depois de dois fracassos anteriores; mas não sabendo o que fazer, ela disse a seu pai a proposta que tinha.
O rei não teve dificuldades com isso, e até mesmo deu os mais finos rubis e diamantes para ornamentar o vestido que era tão reluzente, que quando aprontou, ele não poderia ser olhado com segurança a não ser vidros escuros.
Quando a princesa viu isso, ela fingiu que a visão magoou seus olhos, e se retirou para o seu quarto, onde ela encontrou a fada esperando por ela, muito envergonhada de si mesma.
“Há somente uma coisa que pode ser feita agora”, ela disse; “você deve pedir a pele do asno que ele mantém no reino. É de lá daquele asno que obtém toda a riqueza do reino, e estou certa que nunca dará a você.”
A princesa não estava tão certa; no entanto, ela foi até o rei, e disse a ele que nunca poderia se casar com ele até que ele desse a ela a pele do asno. O rei ficou ao mesmo tempo atônito e com raiva do novo pedido, mas não hesitou um instante. O asno foi sacrificado, e a pele foi colocada aos pés da princesa. A pobre garota, não vendo saída do destino que a aguardava, se magoou novamente e se irou quando de repente, a fada ficou diante dela. “Coragem,” ela disse, “tudo irá bem agora! Se vista com essa pele, e deixe o palácio tão rápido quanto puder. Eu vou procurar por você. Seus vestidos e suas joias deverão seguir você embaixo da terra, e se você bater na terra quando você precisar de algo, você terá. Mas, vá de uma vez, não tem tempo a perder”.
Então a princesa se vestiu com a pele do asno e saiu do palácio sem ser notada. Foi sentida a sua falta e houve uma grande compleição de choro, e todo canto, possível e impossível, foi procurado. Então o rei enviou para todas as partes de todas as estradas, mas a fada jogou seu manto invisível sobre ela, quando eles se aproximavam, e nenhum deles poderia vê-la. A princesa caminhou uma longa estrada, tentando encontrar alguém que fosse acolhê-la e deixar que ela trabalhasse para eles, mas embora as cabanas, por onde ela passava, dessem a ela comida da caridade, a pele do asno era tão suja que eles não permitiam a ela entrar em suas casas. Porque sua fuga foi tão apressada que não teve tempo de limpá-la.
Cansada e de coração machucado com sua má sorte, a princesa ficou vagando, um dia, estava passando pelo portão de uma propriedade situada fora dos muros de uma grande cidade, quando ela ouviu uma voz a chamando. Ela se virou e viu a esposa do fazendeiro entre os perus, e fazendo sinais para que ela entrasse. “Eu quero uma garota para lavar os pratos e alimentar os perus, e limpar o chiqueiro,” disse a mulher, “e, julgando pelas suas roupas sujas, você não seria tão fina para o trabalho”. A garota aceitou sua oferta com alegria, e ela foi mandada para um canto da cozinha, onde todos os servos da fazenda vinham e zombavam dela, e da pele de asno em que estava enfiada. Mas pouco a pouco eles ficaram tão cansados da visão que isso terminou de incomodá-los, e ela trabalhava tão duro e tão bem, que sua patroa cresceu de cuidados com ela. E era tão cautelosa em tosquiar as ovelhas e tratar dos perus que teria se pensado que ela não tinha feito outra coisa a sua vida inteira. Um dia, ela estava sentando nos bancos de um riacho imaginando sua má sorte, quando de repente, pegou a visão dela mesma na água. Seu cabelo e parte do seu rosto estava apagado pela cabeça do asno que estava lhe caindo sobre como um chapéu, e a pele cheia de sujeira cobria todo o seu corpo. Foi a primeira vez que ela se viu como todo mundo a via, e ela foi preenchida de vergonha do espetáculo. Então ela tirou o disfarce e se atirou na água, e de novo e de novo com muita violência, até que brilhou como o marfim. Quando chegou a hora de voltar para a fazenda, ela foi forçada a colocar a pele que a disfarçava, que agora parecia mais suja que nunca, mas conforme ela se vestia, ela foi confortada com o pensamento de que no dia seguinte seria feriado, e que ela seria capaz de esquecer por umas poucas horas que ela era uma garota de fazenda, e ser de novo uma princesa.

Então, no raiar do dia, ela bateu no chão, como a fada madrinha tinha dito a ela, e instantaneamente o vestido da cor do céu apareceu sobre a cama dela. Seu quarto era tão pequeno que não havia lugar para a cauda do vestido se espalhar, mas ela o vestiu cuidadosamente quando então penteou seu lindo cabelo e prendeu no alto da cabeça como costumava fazer. Quando ela terminou, ficou tão feliz consigo mesma que determinou que nunca deixaria de passar uma chance de colocar suas esplêndidas roupas, ainda que ela tivesse que vesti-las no campo, e não tivesse ninguém para admirá-la a não ser os perus e as ovelhas
A fazenda era uma fazenda real, e um feriado, quando Pele de Asno (como eles apelidaram a princesa) tinha trancado a porta do quarto e colocado o vestido do sol, o filho do rei passou pela porteira e perguntou se ele poderia vir e descansar um pouco depois da caça. Alguma comida e leite foi levada até ele no jardim, e quando ele se sentiu descansado ele levantou e começou a explorar a casa, que era famosa no reino pela idade e pela beleza. Ele abriu porta por porta, admirando a velha mobília, quando ele chegou até uma que não abria. Ele parou e olhou pelo buraco da fechadura para ver o que havia dentro, e foi enormemente pasmado, ao vislumbrar uma linda garota, em um vestido tão brilhante que ele mal podia olhar para ele.
O corredor escuro pareceu ainda mais escuro do que quando ele veio pela primeira vez, mas ele voltou a cozinha e perguntou quem dormia no quarto no fim daquele corredor. A serva que limpa, eles disseram a ele, de quem todo mundo ri e é chamada Pele de Asno, embora ele percebesse que havia algum estranho mistério nisso, ele viu claramente que não conseguiria mais nada fazendo mais perguntas. Então, ele voltou para o palácio, e sua cabeça foi enchida com a visão que ele tinha tido pelo buraco da fechadura.
Ele tossiu a noite toda e acordou na manhã seguinte com uma febre alta. A rainha, que não tinha outro filho, e vivia em um estado de perpétua ansiedade sobre esse, o deu como perdido e de fato, sua doença repentina assustaram os médicos que tentaram os remédios usuais em vão. Por fim, eles disseram a rainha que alguma mágoa secreta estava no centro de tudo isso, e ela se atirou de joelhos na cama de seu filho, e implorou a ele que a confidenciasse seu problema para ela.
“Ah, meu filho,” ela falou, “nós faremos qualquer coisa no mundo para salvar sua vida – e nossa também, porque se você morrer, nós vamos morrer também”. “Bem, então” respondeu o príncipe, “eu vou dizer a única coisa que irá me curar – um bolo feito pelas mãos de Pele de Asno”. “Pele de Asno?” exclamou a rainha, que pensou que seu filho havia enlouquecido, “quem é ou o que é isso?"
“Madame,” respondeu um dos serviçais presentes, que tinha estado com o príncipe na fazenda, “Pele de Asno é, depois do lobo, a mais desgostosa criatura na face da terra. Ela é uma garota que usa uma pele grudenta, preta, e vive na sua fazenda para alimentar os animais.”
"Não importa", disse a rainha, "meu filho parece ter comido algo das mãos. É o desejo de um homem doente, sem dúvida, mas envie de uma vez e deixa-a assar o bolo."
O servo assentiu e enviou um pajem para correr a mensagem. Agora, era certo que Pele de Asno só tinha sido vista mais que de um relance do príncipe, pelo buraco da fechadura, ou quando ele olhou para a janelinha do seu quarto que dava para a estrada. Mas se ela tinha na verdade visto ele ou somente escutado ele falar, assim que recebeu a ordem da rainha, ela retirou aquela pele suja, se lavou da cabeça aos pés, e se vestiu com a saia e a parte de cima do vestido brilhante como a prata. Então, se trancando no seu quarto, ela colocou o mais rico creme à base de leite, a farinha mais fina, e os ovos mais frescos da fazenda e começou a fazer seu bolo. E conforme ela preparava a mistura um anel que às vezes ela usava em segredo escapuliu de seu dedo e caiu na massa. Talvez "Pele de Asno" viu aquilo, ou talvez não, mas, de qualquer modo, ela continuou o seu trabalho e logo o bolo estava pronto para ser colocado no forno. Quando aprontou e ficou marrom, ela tirou seu vestido e colocou sua pele suja e deu o bolo para o pajem, perguntando ao mesmo tempo as notícias do príncipe. Mas, o pajem moveu sua cabeça para o outro lado, e nem mesmo assentou em responder. O pajem cavalgou como o vento, e tão logo ele chegou no palácio, arrumou uma bandeja de prata e colocou o presente bolo para o príncipe. O moribundo começou a comer tão depressa que os médicos acharam que ele iria engasgar e, de fato, ele ficou muito perto disso porque o anel estava em um dos pedaços que ele mordeu, embora ele tenha conseguido extrair de sua boca sem que alguém tenha notado. Tudo isso fez aumentar a febre que chegada do bolo tinha diminuído, e os médicos, não sabendo mais o que fazer, disseram a rainha que o filho estava morrendo de amor.
“Meu menino, meu querido menino!” disse o rei, “com quem você quer casar? Nós a daremos por sua noiva, ainda que ela seja a mais humilde de nossas servas.”
O príncipe, movido as lágrimas por essas palavras, pegou o anel, que era uma esmeralda mais transparente que a água mais pura. “Ah, querido pai e mãe, isso é uma prova de que aquela que eu amo não é uma camponesa. O dedo que esse anel entrava nunca atendeu a trabalho duro. Seja qual for a sua condição, é com ela, não casarei com nenhuma outra.”
O rei a rainha examinaram o anel de perto, e concordaram, com seu filho, que não poderia ter sido por uma garota de fazenda. Então, o rei saiu e ordenou aos mensageiros para irem até a cidade, convocando toda donzela ao palácio. E aquela cujo dedo encaixasse no anel seria um dia rainha. Em primeiro lugar, vieram todas as princesas, depois todas as filhas das duquesas e assim por diante, na ordem própria. Mas nenhuma delas conseguia fazer o anel passar pela ponta do dedo para grande alegria do príncipe, cuja melancolia estava curando depressa. Por fim, quando todas as bem nascidas tinham falhado, as garotas do povo e as arrumadeiras tiveram sua chance, mas sem melhor sorte.
“Chamem-nas nas cozinhas e nas pradarias,” comandou o príncipe; “Não sobrou nenhuma mulher, sua Alteza” disse o ministro, mas o príncipe não se deu por satisfeito. “Vocês chamaram Pele de Asno que me fez o bolo?”, perguntou ele, e os cortesãos começaram a rir, e responderam que eles não se atreveriam a introduzir criatura tão suja no palácio. “Envie alguém até ela de uma vez,” ordenou o rei. “Eu ordenei a presença de toda donzela, alta ou baixa, e eu quis dizer exatamente isso.”
A princesa tinha ouvido os trompetes e as mensagens, e sabia muito bem que o seu anel estava no centro de tudo aquilo. Ela, também, tinha se apaixonado pelo príncipe naquele breve relance que ela tinha tido dele, e tremeu com medo que o dedo de mais alguém pudesse ser pequeno como o dela era. Quando, então, o mensageiro do palácio ao portão, ela estava bem alegre. Esperando todo o tempo por tal convocação, ela tinha se vestido com todo cuidado, colocando o vestido da luz da lua, cuja saia era coberta com esmeraldas. Mas, quando eles começaram a chamá-la para descer, ela apressadamente se cobriu com sua pele de asno e anunciou que estava pronta para se apresentar diante de Sua alteza. Ela foi levada até o palácio, onde o príncipe estava esperando por ela, mas à vista da pele de asno seu coração submergiu. Ele tinha se enganado então?
“Você é a garota,” ele disse, voltando seus olhos enquanto falava “você é a garota que tem um quarto no final do corredor na área de fora da casa da fazenda?”
“Sim, meu senhor, sou eu,” respondeu ela. “Estenda sua mão então,” continuou o príncipe, sentindo que ele devia manter sua palavra, a qualquer custo, e para a surpresa de todos presentes, uma pequena, branca e delicada mão saiu debaixo daquela pele suja. O anel escorregou com a maior facilidade, e, tão logo isso se fez, a pele escorregou para o chão, mostrando a tamanho de tal beleza e o príncipe, fraco que era, caiu de joelhos ante ela. De fato, suas boas-vindas era tão calorosas, e suas atenções tão variadas, que a princesa mal sabia como encontrar palavras para agradecer, quando o portão do hall abriu, e a fada madrinha apareceu, sentada em uma carruagem feita toda de flores lilases. Em poucas palavras, ela explicou a história da princesa, e como tinha ido parar ali, e sem perder um momento, preparativos dos mais magníficos foram feitos para o casamento. Mas que surpresa de reunião era aquela. Cada monarca viajou naquilo que considerava o mais impressionante, e alguns viajaram em liteiras, outros tinham carruagens de todo tamanho e tipo, enquanto o restante veio montado em elefantes, tigres e até mesmo sobre águias.
Os reis de todos os países na terra foram convidados, incluindo, é claro, o pai da princesa, (que por essa altura tinha casado com uma viúva) e não recusou. Tão esplêndido casamento não tinha sido visto antes e quando terminou, o rei anunciou que seria seguido de uma coroação, ele e a rainha anunciaram que estavam cansados de reinar, e o jovem casal tomou seu lugar. As festividades duraram três meses quando os novos soberanos se sentaram para governar seu reino, e se fizeram tão amados pelos seus súditos que quando morreram, cem anos depois, cada homem se lembrava deles como seu próprio e sua própria mãe.

domingo, 15 de abril de 2018

Pé de Junípero



Há muito tempo, pelo menos, dois mil anos, havia um homem rico que tinha uma linda e piedosa esposa, e eles se amavam muito mesmo. Entretanto, eles não tinham filhos, embora eles desejassem muito e a mulher rezava dia e noite, mas não acontecia nada, e nada.
Na frente de sua casa, havia um jardim onde ficava um pé de junípero. Um dia, no inverno, a mulher estava embaixo dessa árvore, descascando uma maçã, e enquanto fazia isso,  cortou seu dedo e o sangue caiu na neve. "Oh," disse a mulher. Ela parecia carregar um grande peso, olhou para o sangue ante ela, e estava quase infeliz. "Se eu somente tivesse uma criança tão vermelha quanto o sangue e tão branca como a neve." E conforme ela dizia aquilo,  ficou contente, e sentiu mesmo que aquilo iria acontecer.
Então, ela foi para casa, e um mês depois, a neve tinha ido embora, e com dois meses, tudo estava verde de novo. E quando se passaram três meses, todas as flores desabrocharam na terra. E em quatro meses, as árvores dos bosques estavam mais abundantes, e os galhos das árvores se entrelaçavam um ao outro  e os pássaros cantaram até que os bosques ressoassem e os botões caíssem das árvores. Então, o quinto mês passou, e ela ficou embaixo do pé de Junípero, que cheirava tão doce que seu coração saltou de alegria, e ela caiu de joelhos, preocupada de dor. E quando o sexto mês terminou, o fruto estava abundante e enorme, e então ela estava quieta ainda. E depois do sétimo mês, ela pegou as cerejas do Junípero e as comeu avidamente. Então, ela ficou doente e cheia de mágoas. Então, o oitavo mês passou, e ela chamou seu esposo, chorou, e disse, "se eu morrer, me enterre embaixo do pé de junípero”. Então, ela ficou totalmente confortável e feliz até quando o próximo mês terminou, e ela teve uma criança tão branca quanto a neve e vermelha como o sangue, e quando ela a viu, ficou tão feliz que morreu.
Seu marido a enterrou embaixo do pé de junípero, e começou a chorar amargamente. Depois de algum tempo, ficou mais fácil, e embora ele ainda chorasse, ele podia suportar. E algum tempo depois, ele tomou outra esposa. Ele teve uma filha com a segunda esposa, mas a criança da primeira esposa era um menino, e ele era tão vermelho como o sangue e tão branco como a neve. Quando a mulher olhou para sua filha, ela a amava muito, mas então, quando olhava para o menininho, isso amargurava seu coração, porque ela achava que ele estava sempre no seu caminho, e ela estava sempre pensando como ela poderia pegar toda a herança para sua filha. E o diabo preencheu a mente dela até que ela foi ficando cada vez com mais raiva do menininho, e ela o empurrava de um canto a outro e batia nele e o prendia que a pobre criança estava sempre com medo, porque depois que ele chegava da escola não havia lugar onde ele pudesse encontrar alguma paz.
Um dia a mulher subiu as escadas para o seu quarto, quando a sua filha subiu também, e disse, "mãe, me dá uma maçã." "Sim, minha criança," disse a mulher, e deu a ela uma linda maçã que retirou da arca. A arca tinha uma tampa muito pesada com uma fechadura enorme de ferro. "Mãe," disse a filha pequena, "meu irmão não vai ganhar uma também?" Isso fez a mulher ficar com raiva, mas ela disse, “sim, quando ele voltar da escola." Quando da janela ela o viu voltando, foi um pensamento do inimigo que a assaltou, e ela agarrou a maçã e tirou a da sua filha, dizendo: "você não deve ter uma antes do seu irmão." Ela atirou a maçã na arca, e fechou-a. Então, o menino entrou pela porta e o inimigo fez ela dizer para ele gentilmente, "meu filho, você quer uma maçã?" E ela olhou para ele com muito ódio. "Mãe," disse o menino, "parece que você tem muita raiva. Sim, me dê uma maçã." Então, pareceu a ela que tinha de persuadi-lo. "Venha comigo," ela disse, abrindo a tampa da arca. "Pegue uma maçã para você." Enquanto o menino estava se abaixando, o in77imigo se apoderou dela, e crash! ela soltou a tampa, e sua cabeça rolou, caindo entre as maçãs vermelhas.
O medo sobreveio nela, e ela pensou, "talvez, eu possa sair dessa." Então ela foi para cima para o seu quarto para a sua arca de lenços, e pegou uma echarpe branca que estava logo em cima, e colocou a cabeça no pescoço de novo, amarrando com a echarpe em volta e nada podia ser percebido. Então, ela o colocou numa cadeira em frente a porta e colocou a maçã em sua mão. Depois disso, Marlene chegou na cozinha até sua mãe, que estava aguardando a água ferver em uma panela e andava de um lado para outro. "Mãe," disse Marlene, "o irmão está sentado na porta, e parece completamente branco e tem uma maçã em sua mão. Eu pedi a ele para me dar a maçã, mas ele não me respondeu, e eu fiquei congelada." "Volta nele", disse sua mãe, "e se ele não responder, então, bata nas suas orelhas".
Então, Marlene foi até ele e disse, "Irmão, me dê a maçã." Mas ele ficou em silêncio, então, ela deu um tapa na orelha dele e sua cabeça caiu. Marlene ficou apavorada, e começou a chorar e gritar, e correu para sua mãe, e disse, "Oh, mãe, eu arranquei a cabeça do meu irmão fora," e chorou e chorou e não podia ser confortada. "Marlene," disse a mãe, "o que você fez? Fique quieta e não deixe ninguém saber sobre isso. Ninguém pode ajudar agora. Nós iremos cozinhá-lo no fogão." Então a mãe pegou o menino e o cortou em pedaços, colocou-o no caldeirão, e o cozinhou no fogo. Mas Marlene ficou de pé chorando e chorando e todas as suas lágrimas caíram no caldeirão, e elas não precisaram colocar nenhum sal. Então, o pai chegou em casa, e sentou na mesa e disse: "onde está meu filho?" E a mãe serviu um prato bem, bem grande do ensopado, e Marlene chorava e não podia parar. Então, o pai disse de novo, "onde está meu filho?" "Oh," disse a mãe, "ele deixou a cidade para ir para a casa do tio avô de sua mãe. Ele vai ficar lá por um tempo."
"O que ele vai fazer lá? Ele nem mesmo disse adeus para mim." “Oh, ele queria ir, e pediu para ficar lá seis semanas. Ele vai ser bem cuidado lá." "Oh," disse o homem, "eu estou infeliz. Não está certo. Ele deveria ter se despedido de mim. Com isso, ele começou a comer, dizendo, "Marlene, por que você está chorando? Seu irmão vai certamente voltar." Então, ele disse, "esposa, essa comida está deliciosa. Dê-me mais." E mais ele comia, mais ele queria, e disse, "dê me mais. Vocês duas não devem ter nada disso. Parece que isso é tudo para mim." E ele comeu e comeu, atirando todos os ossos embaixo da mesa, até que ele tinha terminado tudo.
Marlene foi para a sua arca de lenços, tirou a sua melhor echarpe de algodão do meio das outras, e juntou todos os ossos embaixo da mesa e embrulhou-os na sua echarpe de algodão, então os carregou para fora da porta, chorando lágrimas de sangue. Ela os depositou embaixo do pé de junípero sobre a grama verde, e depois que ela os colocou ali, de repente se sentiu melhor e não mais chorou.
Então, o pé de junípero começou a se mexer. Os galhos se moviam separadamente e então se moviam juntos de novo, como se alguém estivesse se regozijando e batendo palmas. Ao mesmo tempo, uma bruma parecia sair da árvore, e no centro da bruma, queimava como um fogo, e um lindo pássaro saiu do fogo cantando magnificamente, e voava alto pelo ar, e quando se foi, o pé de juníperi estava exatamente como tinha sido antes, e o embrulho com os ossos não estava mais ali. Marlene, no entanto, ficou tão feliz e contente como se o seu irmão ainda estivesse vivo. E entrou alegremente na casa, sentou-se à mesa e comeu.
Então, o pássaro voou e parou na casa de um ourives e começou a cantar:
Minha mãe me matou,
meu pai me comeu,
minha irmã Marlene,
juntos todos meus ossos,
numa echarpe de algodão,
e deixou-os embaixo do pé de junípero,
kywitt, kywitt, que belo pássaro eu sou.

O ourives estava sentado em seu ateliê fazendo uma corrente de ouro, quando ele ouviu o pássaro que estava cantando, cantando, até seus pulmões uma canção muito linda lhe parecia. Ele levantou, mas conforme ele passava pela porta, perdeu um de seus chinelos. Mas, ele continuou até o meio da rua com um chinelo e uma meia, ele tinha seu avental, e em uma mão ele tinha a corrente de ouro e na outra as pinças, e o sol estava brilhando muito na rua. Então, ele prosseguiu e esperou, e disse para o pássaro, "Pássaro," disse então, "que música linda você pode cantar. Cante para mim, aquela melodia de novo." "Não," disse o pássaro, "eu não vou cantar duas vezes por nada. Dê-me a corrente de ouro, e então eu cantarei para você de novo." "Aqui," disse o ourives, "aqui está a corrente de ouro para você, agora me cante aquela melodia de novo." Então, o pássaro veio e pegou a corrente de ouro com sua garra direita, e voou e sentou em frente ao ourives, e cantou – minha mãe me matou, meu pai me comeu...
O sapateiro ouviu isso e correu pelas portas em camisa de baixo, e olhou para o telhado, e foi forçado a segurar sua mão ante seus olhos ou o sol iria cegá-lo. "Pássaro", ele disse, "que música linda você pode cantar." Então ele chamou da sua porta, "esposa, venha aqui fora, há um pássaro, olhe aquele pássaro, ele certamente pode cantar." Então, ele chamou sua filha e filhos, e aprendizes, meninos e meninas, e todos vieram até a rua e olharam para o pássaro e viram o quão lindo ele era, e que finas penas vermelhas e verdes ele tinha, e como parecia que seu pescoço era de ouro mesmo, e como seus olhos na cabeça brilhavam como estrelas. "Pássaro," disse o sapateiro, "agora cante para mim aquela música de novo." "Não," disse o pássaro, "Eu não canto duas vezes por nada." "Esposa," disse o homem "vá lá dentro, na estante há um par de sapatos vermelhos, desça-os." Então a esposa foi e trouxe os sapatos. "Aqui, pássaro," disse o homem, "agora, cante aquela melodia de novo". Então o pássaro veio e pegou os sapatos com sua garra esquerda, e voou para o telhado e cantou – minha mãe me matou, meu pai me comeu...
E quando ele tinha terminado essa canção, ele voou embora, para um moinho, e o moinho trabalhava, klip, klap, e no moinho havia vinte moleiros, modelando uma pedra e cortando. Então o pássaro foi e sentou em um pé de limão que ficava na frente do moinho e cantou - minha mãe me matou, então um deles parou de trabalhar, meu pai me comeu, então mais dois pararam de trabalhar e ouviram, minha irmã, Marlene, então mais quatro pararam, juntou todos meus ossos, em uma echarpe de algodão, agora só oito trabalhavam, deixou-os embaixo, agora, só cinco, do pé de junípero, e agora só um, kywitt, kywitt, que pássaro lindo eu sou. Então o último parou também e ele ouviu as palavras: "pássaro," ele disse, "que lindo é o seu canto. Deixe-me, também, ouvir aquilo. Cante mais uma vez para mim."
"Não," disse o pássaro, "eu não vou cantar duas vezes por nada. Dê-me a pedra do moinho e então eu vou cantar de novo." "Sim," ele disse, "se pertencesse somente a mim, você teria." "Sim," disseram os outros, "se ele cantar, ele terá." Então, o pássaro veio, e os vinte moleiros todos pararam de trabalhar com a estrutura e levantaram a pedra. E o pássaro passou seu pescoço pelo buraco da pedra, e colocou a pedra como se fosse um colar, e voou para a árvore de novo e cantou – minha mãe me matou, meu pai me comeu... E quando ele terminou de cantar, bateu suas asas, e ele tinha na garra direita a corrente, na esquerda os sapatos, e em volta do pescoço a pedra do moinho, e voou para a casa de seu pai.
Na sala, sentados estavam o pai, a mãe, e Marlene para jantar, e o pai disse, "como meu coração está leve, quão feliz eu me sinto." "Não," disse a mãe, "eu sinto muito mal, como se uma tempestade muito pesada fosse vir." Marlene, no entanto, sentou se lamentando e não parava de se lamentar, e então veio o pássaro voando, e se sentou no telhado e o pai disse, "Ah, eu sinto tão verdadeiramente feliz e o sol está brilhando tão lindo lá fora, eu sinto como se fosse ver um velho amigo de novo." "Não," disse a mulher, "eu estou tão ansiosa, meus dentes batem e pareço ter fogo em minhas veias." E ela ficou em pé, mas Marlene sentou em um canto chorando, e segurou seu prato antes seus olhos e chorou até que isso estava totalmente molhado. Então, o pássaro sentou no pé de Junípero, e cantou: minha mãe me matou, então a mãe tapou os ouvidos, e fechou seus olhos e não poderia ver ou ouvir, mas havia um zumbido nos seus ouvidos como a mais violenta tempestade, e seus olhos queimavam e brilhavam como luz - meu pai me comeu, "Ah, mãe," disse o homem, "aquele é um pássaro lindo. Ele canta tão esplendidamente, e o sol brilha tão quente, e há um cheiro igual ao da canela." Minha irmã Marlene, então Marlene deitou sua cabeça nos joelhos e se lamentou sem cessar, mas o homem disse, "eu vou sair, eu preciso ver esse pássaro de perto." "Oh, não vá," disse a mulher, "eu sinto como se a casa inteira estivesse se revirando e sobre o fogo." Mas, o homem saiu e olhou para o pássaro, juntou todos meus ossos, numa echarpe de algodão, deixou-os embaixo do pé de zimbro, kywitt, kywitt, que belo pássaro eu sou, nisso, o pássaro deixou cair a corrente de ouro, exatamente no pescoço do homem, e tão exatamente que ela lhe caiu lindamente.
Então, o homem entrou e disse, "olhe que aquele pássaro fez, e que linda corrente de ouro ele me deu, como ele é lindo." Mas a mulher estava apavorada, e caiu no chão do quarto, e seu chapéu caiu de sua cabeça. Então, o pássaro cantou mais uma vez - minha mãe me matou. "Queria estar mil palmos abaixo da terra para não ouvir isso." Meu pai me comeu, então a mulher caiu de novo como se morresse. Minha irmã Marlene, "Ah," disse Marlene, "eu também vou sair e ver se o pássaro me dará qualquer coisa." e ela saiu. Juntou todos meus ossos, numa echarpe de algodão, então ele soltou os sapatos para ela. Deixou-os embaixo do pé de zimbro, kywitt, kywitt, que pássaro lindo eu sou. Então, ela ficou com o coração leve e cheio de alegria, e colocou seus sapatos novos vermelhos, e dançou e deslizou pela casa. "Ah," ela disse, "estava tão triste quando saí e agora estou tão bem, que pássaro esplêndido, ele me deu um par de sapatos vermelhos." "Bem," disse a mulher, ficando de pé e seus cabelos pareciam como chamas de fogo, "eu sinto como se o mundo inteiro fosse chegar a um fim. Eu também, vou sair e ver se meu coração fica mais leve." E conforme ela saiu pela porta, crash. O pássaro jogou a pedra do moinho sobre sua cabeça e ela foi inteiramente esmagada.
O pai e Marlene ouviram o que tinha acontecido e saíram, e fumaça, chamas, e fogo estava saindo daquele lugar, e quando tudo terminou, lá estava o menininho, e ele pegou seu pai e Marlene pela mão, e todos os três ficaram bem felizes, e entraram na casa para a janta, e comeram.

domingo, 5 de novembro de 2017

A pastorinha de gansos

A pastorinha de gansos

O rei de um grande reino morreu, e deixou sua rainha sozinha para tomar conta
de seu único bebê. A criança era uma menina, que era muito linda,
e sua mãe a amava profundamente, e era muito gentil com ela. E havia
uma fada madrinha também, que era bondosa para a princesa, e ajudava
a mãe a tomar conta dela. Quando ela cresceu, ela foi prometida a um
príncipe que vivia em uma terra muito distante, e conforme se aproximava
o tempo em que ela iria se casar, ela foi preparada para começar a sua
jornada. Então, a rainhã, sua mãe, empacotou coisas muito preciosas,
jóias e ouro, e prata, bibelôs, vestidos finos e em pouco tempo tudo o mais até que se tornou uma noiva real. E ela deu a princesa uma serva de companhia
para seguir viagem com ela, e a entregou nas mãos da noiva, e deu a cada um cavalo para a jornada. Agora, o cavalo da princesa era um presente da
fada madrinha e se chamava, Falada, e podia falar.
Quando chegou o tempo em que elas partiriam, a fada foi até o quarto da
princesa, e levou uma pequena faca, e cortou uma mexa de seu cabelo, e deu
a princesa e disse: "toma conta disso, criança, porque há um encantamento
que poderá ser usado por você na estrada". Então, a rainha e a fada lamentaram
a partida da princesa, e ela colocou a mexa de cabelo no seu lenço, subiu
no cavalo e partiu na sua jornada para reino do noivo.
Um dia, quando estavam passando sobre uma ponte, a princesa começou a sentir muita sede, e ela disse para sua dama, "desça e pegue um pouco de água
na minha taça dourada debaixo da ponte, que eu quero beber", "Não", disse
a dama, "se está com sede, vá você mesma, desça, pegue a água e beba;
eu não vou lhe servir mais." Então, ela estava com tanta sede que desceu
e pegou a água, e se apoiou sobre a pequenina ponte e bebeu, porque ela
estava com muita sede, e não ousou trazer a água com a taça dourada, ela se lamentou e disse: "Ah, o que será feito de mim?" E a mecha de cabelo respondeu.
"Céus, se a mãe soubesse como está
 triste, triste iria ficar"

Mas a princesa era muito gentil e aquiescente, então ela não disse nada para sua
dama sobre o seu mau comportamento, mas subiu no seu cavalo de novo.
Então, elas prosseguiram sua jornada novamente, até que o dia ficou tão
quente, o sol tão severo, que a noiva começou a sentir sede
novamente, e por fim, quando elas chegaram a um rio, ela se esqueceu das
palavras rudes de sua dama e disse, desça e pegue um pouco de água com
taça dourada. "Mas a dama respondeu ela, até mais grosseiramente que
antes: "Beba se você quiser, mas eu não vou ser mais sua dama de companhia".
Então, a princesa estava com tanta sede que ela desceu do cavalo, e se
abaixou e ficou apoiado sobre a curso de água, e chorou e disse, "O que será
de mim?" E o cacho de cabelo respondeu a ela de novo:

"Céus! se a mãe soubesse como está,
triste, triste, iria ficar."

E conforme ela abaixou para beber, o cacho caiu de sua bolsa, e foi embora na
correnteza. Agora, ela estava com tanto medo, que ela não podia nem olhar,
mas sua dama viu, e ficou muito feliz, porque ela conhecia o encantamento,
e ela viu que a pobre noiva estaria em seu poder, agora, que ela tinha perdido
a mecha de cabelo. Então, quando a noiva acabou de beber, e iria montar
Falada de novo, a dama disse, "eu vou monta Falada, e você vai no meu cavalo",
então ela foi forçada a desistir do cavalo dela, e logo depois de suas
roupas reais e colocar as roupas de sua dama.

Por último, conforme elas se aproximavam do fim da jornada, essa serva infiel
ameaçou matar a princesa se ela dissesse a alguém o que aconteceu. Mas,
Falada viu tudo, e marcou isso bem.
Então, a serva montou Falada, e a princesa real sobre o outro cavalo,
e elas foram no seu caminho até que chegaram a corte real. Houve muita
alegria na chegada delas à corte, e príncipe correu para encontrá-las,
desceu a dama de companhia de sua cavalo, pensando que era ela que devia ser sua esposa;
e ela foi levada lá para cima para o salão real, mas a verdadeira
princesa foi mandada ficar na corte abaixo.
Agora, o velho rei como não tinha nada o que fazer, então ele se sentou na
janela da sua cozinha para ver o que estava acontecendo e ele a via em
sua tarefa. Ela era tão bonita e tão delicada para ser uma serva de companhia,
que ele subiu foi ao salão real e perguntou a noiva quem ela trouxe com
ela, assim qu e não foi deixada na corte. "Eu a trouxe comigo para segurança
minha na estrada", ela disse, "dê a garota algum trabalho para fazer, assim
ela não vai ficar ociosa". O velho rei pensou em algo que ela poderia fazer,
mas não conseguia ver nada, e por fim, ele disse: "eu tenho um garoto
que toma conta dos gansos, ela pode ajudá-lo". Agora, o nome desse garoto,
que a noiva verdadeira iria ajudar em olhar os gansos do rei, era Curdken.
Mas a falsa noiva disse para o princípe, "querido marido, faça um gesto de
gentileza para mim. "Claro que sim", disse o príncipe. "Então diga aos seus
servos para cortar a cabeça do cavalo que eu montei, porque estava muito
selvagem, e quase me causou um acidente horrivel na estrada", mas a verdade era que ela tinha
muito medo que Falada fosse um dia ou outro falar, e contar tudo o que
tinha acontecido com a princesa. Ela foi até as últimas consequências e o fiel
Falada foi morto, mas a quando a princesa verdadeira ouviu isso, ela lamentou
e implorou ao homem para colocar a cabeça de Falada em um portão da cidade,
pelo qual ela tinha que passar toda manhã e toda tarde, e então, ela poderia
vê-lo algumas vezes. Então, o servo disse que faria conforme ela pediu,
e cortou a cabeça e a colocou no portão.
Na manhã seguinte, quando ela e Curdken sairam pelo portão, ela disse
tristemente:

"Falada, Falada, olha você aí, com
a cabeça pendurada"

e a cabeça respondeu:

"noiva, noiva, olha você aí amarrada!
Céus!  se a mãe soubesse disso,
Triste, triste, ia ficar a coitada"

Então, eles saíram da cidade, e levaram os gansos juntos. Assim que chegou
no pasto, ela se sentou num banco lá, e soltou seu cabelo ondulado, que era
de pura prata, e quando Curdken viu brilharem no sol, ele correu, e teria
puxado o cabelo dela, mas ela disse apressadamente:

"sopra, vento, sopra,
leva o chapéu de Curdken
vai, vento, leva
Deixa ele ir correr atrás
nas colinas, campos, e pedras,
até que os cachos de prata
estejam penteados e presos".

Então veio um vento tão forte que soprou o chapéu de Curdken, e levou ele bem longe subindo morro: e ele foi forçado a se virar e correr atrás dele, até o tempo que quando ele voltou, ela já tinha penteado e preso o cabelo; e colocado-o em segurança novamente. Então, ele ficou com muita raiva e não falou mais com ela, mas eles observaram os gansos até que foi ficando escuro, e então voltaram.
Na manhã seguinte, quando estavam passando pelo portão, a pobre garota olhou para a cabeça de Falada, e disse:

“Falada, Falada, olha você aí pendurado”
E a cabeça respondeu:
“Noiva, Noiva, olha você aí amarrada!
Céus! Céus! Se a mãe soubesse,
Triste, Triste, ia ficar!

Então, ela guiou os gansos, e se sentou de novo, e começou a pentear seu cabelo como antes, e Curdken correu até ela, e queria segurar o seu cabelo, mas ela falou rapidamente:

"sopra, vento, sopra,
leva o chapéu de Curdken
vai, vento, leva
Deixa ele ir correr atrás
nas colinas, campos, e pedras,
até que os cachos de prata
estejam penteados e presos".



Então, o vento veio e levou seu chapéu para bem longe, por cima dos morros
e campos, que ele teve que correr atrás dele, e quando ele voltou, ela
já tinha se penteado novamente, e tudo estava seguro. Então, eles
observaram os gansos até escurecer.
No fim da tarde, depois que retornaram, Curdken foi ao velho rei, e disse:
"Eu não quero que aquela estranha garota me ajude mais com os gansos".
"Por quê?", disse o rei. "Porque ao invés de fazer qualquer coisa de bom,
ela só provoca o dia inteiro". Então, o rei fez ele dizer o que tinha acontecido.
E Curdken disse: "quando de manhã, nós passamos pelo portão da cidade,
com nossos gansos, ela se lamenta e fala com a cabeça do cavalo que está
pendurada na parede e diz:
"Falada, falada, olha você aí,
com a cabeça pendurada,

e a cabeça responde:
“Noiva, Noiva, olha você aí amarrada!
Céus! Céus! Se a mãe soubesse,
Triste, Triste, ia ficar!


E Curdken continuou contando ao rei o que acontecia no pasto, onde os
gansos comiam, como seu chapéu voava, e como era forçado correr até ele,
e deixar os gansos ali. Mas o velho rei disse ao rapaz para ir de novo no
dia seguinte, e quando a manhã chegou, ele se colocou atrás do portão, e
ouviu como ela falava com Falada, e como Falada respondia. Então ele foi para
o campo e se escondeu em um arbusto próximo ao pasto, e ele viu com seus
próprios olhos como eles levavam os gansos, e como, depois de um pouco tempo
ela deixava seu cabelo brilhar no sol. E então ele ouviu ela dizer:
"sopra, vento, sopra,
leva o chapéu de Curdken
vai, vento, leva
Deixa ele ir correr atrás
nas colinas, campos, e pedras,
até que os cachos de prata
estejam penteados e presos".

E rápido veio uma ventania que levou o chapéu de Curdken embora,
enquanto a garota penteava e enrolava o seu cabelo. Tudo isso o rei viu e
ele foi para casa sem ser visto, e quando a pastorinha de gansos voltou naquela
tarde, ele a chamou a parte, e perguntou a ela porque ela fez isso, mas
ela caiu em lágrimas, e disse, "eu não devo dizer a você ou a qualquer
homem, ou eu perderei minha vida,"
Mas o velho rei implorou tão fortemente que ela não teve paz até que
contou a ele toda a história, do começo ao fim, palavra por palavra.
E foi muito sorte dela que ela o fez, porque então o rei mandou colocarem
roupas reais nela, com tanta admiração, que ela estava muito linda. Então, ele chamou seu filho e
disse a ele que ele tinha uma falsa noiva, porque ela era só a dama-de-
companhia, enquanto a verdadeira noiva o aguardava. E o jovem rei se regozijou
quando ele viu sua beleza, e ouviu quão aquiescente e paciente ela tinha sido;
e sem dizer qualquer palavra a falsa noiva, o rei ordenou um grande banquete
para ser oferecido a toda corte. O quarto da noiva ficava em cima, com
a falsa princesa de um lado, e a verdadeira princesa de outro, mas ninguém
podia vê-la de nova, porque sua beleza era totalmente reluzente para seus
olhos; ela não parecia mais uma pastorinha de gansos, agora que ela tinha
um vestido brilhante.

Quando todos eles tinham comido e bebido, e estavam bem felizes, o velho
rei disse que contaria a eles uma história. Então, ele começou, e contou
toda a história da princesa, como se essa fosse das que ele tivesse escutado,
e perguntou a verdadeira dama de companhia o que ela imaginava que deveria
ser feito com qualquer um que se portasse assim. "Nada mais", disse a
falsa noiva, "do que ela deveria ser amarrada com cordas a uma carruagem,
para que fosse puxada por dois cavalos brancos, indo de rua em rua, até
que estivesse morta". "Assim ela diz!", disse o velho rei, "e como
você julgou a si mesma, assim será feito então", e jovem rei foi então casado
com sua noiva verdadeira, e eles reinaram sobre o reino em paz e felicidade
todas as suas vidas, e a boa fada veio vê-los, e restaurou a vida do fiel
Falada de novo.


quarta-feira, 19 de julho de 2017

Rumpelstiltskin

     Perto de um bosque, em um país muito distante, corria um riacho, e na cabeceira desse riacho, havia um moinho. A casa do moleiro era perto do moinho, e o moleiro, como você deve imaginar, tinha uma bela filha. Ela era, além disso, muito habilidosa e determinada; e o moleiro era tão orgulhoso dela, que um dia disse ao rei daquele lugar, que costumava aparecer para caçar no bosque que sua filha poderia tecer ouro de palha. Agora, o rei que era muito afeiçoado ao dinheiro, quando  ouviu a gabolice do moleiro sua ganância foi despertada, e disse que a garota deveria ser levada diante dele. Então, deu a ela um quarto no seu palácio onde havia um grande feixe de palha e um tear, e disse: "Tudo deve virar ouro antes de amanhã, se você ama sua vida". Foi em vão que a pobre donzela disse que era somente uma brincadeira infeliz de seu pai, porque ela não podia fazer tal coisa de tecer ouro de palha: a porta do quarto foi trancada e ela foi deixada sozinha.
     Ela sentou-se em um canto do quarto, e começou lamentar seu triste destino; quando de repente a porta abriu e um droll que parecia um homenzinho pequeno entrou e disse: "Tudo bem, aí garota, o que anda fazendo? "Ah, pobre de mim", ela disse, "eu devo tecer essa palha em ouro, e eu não sei como". "O que você me dará", disse a aparição, "se eu fizer isso para você?" "Meu cordão", disse a donzela, ele concordou, e pegou toda a palha e sentou-se perto da roca e cantava e assobiava:

Roca, roda, vai fiar

por aqui, dessa forma

logo se transforma

palha em ouro a brilhar


     E fiando com a roca, divertidamente, o trabalho estava rapidamente terminado, e a palha foi toda transformada em ouro.  
     Quando o rei veio e viu isso, ficou enormemente atônito e prazeroso,
mas em seu coração crescia mais e mais a sede de ganho, e ele trancou a pobre filha do moleiro de novo com uma nova tarefa. Então, ela viu que não podia realizar aquilo, e sentou-se mais uma vez para chorar, mas o anão logo abriu a porta, e disse: "O que você me dará para fazer sua tarefa?" "O anel no meu dedo", ela disse. Então, seu pequeno amigo pegou o anel, e começou a trabalhar na roca de novo, e assobiava e cantava

Roca, roda, vai fiar

por aqui, dessa forma

logo se transforma

palha em ouro a brilhar


até que, muito antes de amanhecer, tudo estava terminado de novo.
     O rei estava maravilhado de ver todo aquele tesouro reluzente, mas ele ainda não tinha o suficiente, então ele pegou e deu a filha do moleiro uma pilha ainda maior para fiar e disse: "Tudo deve estar tecido esta noite, e se estiver, você será minha rainha.". Tão logo estava sozinha, aquele anão entrou e disse: "o que você vai me dar se eu tecer ouro para você pela terceira vez?""Não me sobrou nada", ela disse. "Então, você me dará", disse o pequeno homem, "o primeiro filho que tiver quando for rainha". "Isso nunca", pensou a filha do moleiro; e como ela não sabia outra maneira de ter a tarefa terminada, ela disse que faria o que ele pediu. Aproximou-se, o homúnculo então, da roca de novo para a velha canção, e mais uma vez teceu a palha em ouro. O rei chegou na manhã, e encontrando tudo que ele queria, foi forçado a manter sua palavra. Então, ele se casou com a filha do moleiro, e ela realmente se tornou rainha.
     No nascimento da sua primeira criança, ela estava tão feliz que esqueceu o anão e o que ela havia dito. Mas, um dia ele entrou no seu quarto, onde ela estava brincando com o seu bebê, e lembrou a ela do ocorrido. Então, ela se afligiu penosamente, e disse a ele que daria toda a riqueza do reino, se ele deixasse o seu bebê, mas em vão, até que suas últimas lágrimas o amaciaram para dizer: "Eu vou lhe dar três dias, e se durante esse tempo, você disser meu nome, eu deixarei você ficar com a criança". Agora, a rainha ficava acordada toda noite, pensando todo tipo de estranhos nomes que ela já ouviu, e enviava mensageiros por toda a parte para descobrir nomes novos. No dia seguinte, o homenzinho veio, e ela começou com TIMOTHY, ICHABOD, BENJAMIM, JEREMIAH, e todos os nomes que ela poderia se lembrar, para todos e a cada um ele dizia: "Madame, esse não é meu nome".
     No segundo dia, ela começou com todos os nomes cômicos que ela pôde ouvir, PERNAS-ARQUEADAS, CORCUNDA, PÉ TORTO, e assim por diante, mas o pequeno cavalheiro ainda dizia para cada um desses: "Madame, esse não é o meu nome".
     No terceiro dia, um dos mensageiros voltou e disse: "eu tenho viajado por dois dias, sem ouvir qualquer nome novo, mas ontem, como eu estava subindo uma montanha alta, entre as árvores da floresta, onde a raposa e a lebre dão boa noite uma para a outra, eu vi uma pequena cabana, e diante dela um fogo, e junto ao fogo, um anãozinho engraçado estava dançando sobre uma perna e cantando:

Divertidamente, banquete vou ter
Sim, por hoje, cozinhar, amanhã, assar
Divertidamente, cantar e dançar
No dia seguinte, um estranho trazer
Um pequeno faz a dama se apavorar
Rumpelstiltskin é como deve me chamar!


     Quando a rainha ouviu isso, ela pulou de alegria, e tão logo seu pequenino amigo chegou ela se sentou no seu trono, e chamou toda a corte para se divertirem; e a empregada aguardava do seu lado com o bebê nos braços, como se estivesse totalmente preparada para desistir. Então, o pequeno homem começou a dar um risinho com o pensamento de ter a pobre criança, de levá-la com ele para sua cabana na floresta, e disse, "Agora, madame, qual é o meu nome?" "É JOHN?", ela perguntou, "não, madame", "é TOM?", "não, madame!" "É JEMMY?". "Não é". "Será que seu nome pode ser RUMPELSTILTSKIN?" disse a dama dissimuladamente. "Alguma bruxa disse a você!", gritou o pequeno homem, e chutou o chão com seu pé direito com tanta força que foi forçado a segurá-lo com as duas mãos, enquanto pulava com outra perna.
     Então, sem ter como continuar ali, ele se ajeitou como podia para ir embora, enquanto a empregada se alegrava e o bebê emitia sons de satisfação, enquanto a corte toda ria dele por ter tido tanto trabalho por nada e disseram: "Nós lhe desejamos uma boa manhã, e um ótimo banquete, Sr. Rumpelstilstkin."












sábado, 10 de junho de 2017

Os Três Ursos

Os Três Ursos

     Bem distante daqui havia uma garotinha que se chamava Cabelo de prata, porque seu cabelo enrolado brilhava como a prata. Ela estava em uma triste impaciência, e tão sem descanso que não podia ficar quieta em casa, mas necessitava correr e correr para longe, sem parar.
     Um dia, ela começou a entrar em uma floresta para colher flores selvagens, dentro dos bosques para capturar borboletas. Ela corria de um lado para outro, e foi tão longe, que por fim, se achou sozinha em um lugar solitário, onde viu uma pequena cabana discreta, em que viviam três ursos, mas eles não estavam em casa.
     A porta estava encostada, e Cabelo de Prata empurrou e a porta abriu e encontrou o lugar  totalmente vazio, então decidiu que iria entrar e olhar, pouco pensando que tipo de pessoas viviam ali.
      Os três ursos haviam saído para suas caminhadas um pouco antes. Eram o Urso Grande, o Urso de tamanho Médio, e o Urso pequeno, mas todos eles tinham deixado seus mingaus sobre a mesa para esfriar. Então, quando Cabelo de Prata chegou na cozinha, ela viu três tigelas de mingau e provou da tigela maior, que pertencia ao Urso grande, achou que estava muito frio, então provou da tigela mediana, que pertencia ao Urso de tamanho médio, achou que estava muito quente, então ela provou da tigela menor, que pertencia ao Urso pequeno, achou do seu gosto, e ela comeu tudo.
     Ela foi até a sala de estar e lá havia três cadeiras. Ela tentou se sentar na cadeira maior, que pertencia ao Urso grande, achou muito alta, então ela tentou a cadeira mediana, que pertencia ao Urso de tamanho médio, achou muito ampla, e então ela tentou a pequena cadeirinha, que pertencia ao pequeno urso, achou do seu gosto, e sentou nela com tanto vigor que a quebrou.
     Agora, Cabelo de prata estava por essa altura, muito cansada, e foi para cima, para o quarto, e então ela achou três camas. Ela tentou a cama maior, que pertencia ao Urso Grande, achou macia demais, tentou a cama mediana, que pertencia ao Urso de tamanho médio, achou muito dura, e então ela tentou a caminha menor, que pertencia ao Urso pequeno, achou do seu gosto, tanto que deitou nela, e acabou caindo no sono.
     Enquanto Cabelo de prata estava dormindo, os três ursos voltaram da caminhada. Eles
chegaram na cozinha, para pegar o mingau, mas quando o Urso grande foi para o dele,
ele rugiu alto:
   “ALGUÉM PROVOU DO MEU MINGAU ”
   E o Urso médio olhou  para sua tigela e disse:
    "Alguém provou do meu mingau"
   E o Urso pequeno mussitou:
   "Alguém provou do meu mingau e comeu tudo."
    Então eles foram para a sala de estar e o Urso grande rugiu:
    “ALGUÉM SENTOU NA MINHA CADEIRA ”
    E o Urso médio disse:
    "Alguém sentou na minha cadeira"
     E o Urso pequeno mussitou:
    "Alguém sentou na minha cadeira e a quebrou em pedaços!"
     Então, eles subiram as escadas e foram para o quarto, e o Urso grande rugiu alto:
     "ALGUÉM DEITOU NA MINHA CAMA"
     E o Urso médio disse:
     "Alguém deitou na minha cama"
     E o Urso pequeno mussitou:
     "Alguém deitou na minha cama e olha ela aí"
     Nesse instante, Cabelo de Prata acordou em um supetão, pulou pela janela, e correu tão depressa quanto suas pernas poderiam levá-la e nunca mais  chegou perto da cabana dos Três Ursos de novo.